Viajando sozinha pela Índia
Visitei a Índia em janeiro de 2017 e foi uma experiência fantástica, aliás foi uma experiência única. Aqui e em vários outros posts em meu blog conto como foi essa vivência especial que só me trouxe alegria.
À propósito, não fui atrás de nada relacionado à espiritualidade, fui exatamente em busca de contato com uma cultura tão diferente da nossa.
Por esse aspecto, a Índia sempre me despertou uma curiosidade, que resolvi matar. Mas, sem companhia; Resolvi ir sozinha e não me arrependo.
Antes de sair do Brasil, fechei tudo com uma agência de viagens. Achei melhor, uma vez que a Índia é conhecida por seu alto índice de violência contra a mulher.
Por isso, muitos me perguntaram e ainda perguntam: você tem coragem de ir sozinha para a Índia? Como você teve coragem?
Eu tive, mas confesso que mesmo por agência acabei passando uns pequenos apertos, embora não tenha sido nada demais. Alguns que poderia ter passado em qualquer país do mundo.
Fui recebida no aeroporto pelo representante da agência contratada, ele não falava quase nada de espanhol e meu inglês ainda era pior depois de viajar tanto.
Minha chegada na Índia
Depois de dois dias de viagem desembarquei em Delhi. Nem eu acreditava que tinha chegado tão longe, foram 52 horas de viagem, isso claro, com conexões.
Estava super cansada, com os pés tão inchados que os sapatos viraram chinelos, por conta de tantas horas de voo.
Mesmo tendo feito conexão em Dubai (que aliás dedico um post para esse lugar também) meus pés não cabiam no sapato. Desde então eu uso uma meia especial quando vou fazer viagens longas de avião.
A cidade de Delhi
Delhi é nublada, mas não pela natureza e sim por poluição. Mas isso para mim não importou. O que importava é que eu estava na Índia e iria conhecê-la a partir daquele dia. Ou pelo menos ver parte dela.
Vi muita poluição, trânsito caótico, (mesmo sendo domingo) e buzina. Tudo conforme o que já havia lido, então não me choquei com nada, até porque também vi muita gentileza. Namastê!
Fomos para o hotel, porque eu só queria um banho e uma boa cama. Em todos os hotéis da Índia tanto suas coisas quanto você passam por um sistema de detecção de metais.
Mesmo que já esteja hospedado lá, toda vez que voltar ao hotel será sempre assim. Mas quem se importa com isso, não é mesmo?
Após uma boa noite de sono, comecei meu tour pela Índia. Como já estava em Delhi, aproveitei para conhecer alguns pontos turísticos do lugar.
Comecei pelo Índia Gate (Porta da Índia), foi construído em homenagem aos soldados que morreram na primeira guerra mundial e nas afegãs. Como era domingo, o lugar estava bem cheio.
Índia Gate Índia Gate
Bangla Sahib Templo Sikh
Nem sabia que existia uma religião chamada sikh, pois existe, e é a terceira religião da Índia.
Não existem mais mestres nessa religião, tudo está escrito em um livro de 1400 páginas que fica nesse templo, onde seus escritos são cantados o dia todo.
Esse livro tem até aposento. No templo também há uma cozinha comunitária,onde o dia todo é oferecida comida para quem quiser, pode ser rico ou pobre, de qualquer raça e religião, são voluntários que preparam a comida.
No templo se entra descalço inclusive sem meias e com a cabeça coberta. Além da cozinha há, no templo, um grande lago, uma escola e uma galeria de arte. Com essa visita pude dizer que realmente estava na Índia.
O lago Pessoas aguardando a comida
Complexo Qutb
Um dos lugares que visitei em Deli que mais gostei foi o Complexo Qutb ou então Qutab ou Qutub.
Neste lugar eu tive a oportunidade de aprender sobre as poderosas dinastias que dominaram a Índia, como a dinastia mameluca e não me cansei de admirar arquitetura que elas deixaram para trás.
No local existe um conjunto de monumentos que são exemplos da arquitetura indo-islâmica. Em 1993, ele declarado Patrimônio Mundial da UNESCO.
Tem um provérbio asiático que diz que é melhor ver algo uma vez do que ouvi-lo mil vezes. Então, resolvi fazer o que o provérbio diz, ver pelo menos uma vez, aliás tenho feito isso sempre.
Delhi tem a marca de muitas dinastias, principalmente palácios e monumentos, onde a maioria deles retrata a arquitetura da época de Mughal.
Qutub Minar
Entretanto, algumas das dinastias menos conhecidas também deixaram sua marca e sua herança, sendo uma delas a dinastia mameluca que sancionou a construção de Qutub Minar.
Qutub Minar é o minarete de tijolos mais alto do mundo (pelo menos até o momento), construído pelo primeiro governante da dinastia escrava – Qutub-ud-Din Aibak.
As esculturas no minarete, feitas de arenito vermelho e mármore branco marcante, são uma marca do requintado artesanato daquela época. Aliás, a história da vida de Qutub-ud-Din Aibak é tão cativante quanto a estrutura e a arquitetura do Qutub Minar.
Você sabia que esse famoso governante foi vendido por seus pais como escravo de um Qazi local, e assim viveu por mais da metade de sua vida? Outro fato surpreendente, é que, apenas as fundações do primeiro andar do minarete foram colocadas por ele em memória do santo sufi Qutubuddin Bhaktiyar Khaki. A estrutura foi completada mais tarde por seu sucessor, Iltutmish.
Pilar de Ferro
Outra estrutura interessante dentro do complexo Qutub é o Pilar de Ferro de 7 metros de altura, que permanece de pé, imponente sob o sol brilhante. Conforme uma inscrição em sânscrito foi levantado em memória de Chandragupta II que reinou entre 375 e 413.
Inclusive, essa maravilha arquitetônica mostrou incrível resistência às duras condições climáticas ao longo dos anos. Construído por Chandragupta II Vikramaditya, ele serviu uma importante função astronômica durante os tempos antigos.
Entretanto dizem também, que foi erguido em homenagem ao deus hindu Vishnu.
Mesquita Quwwat-ul-Islam
No local onde se encontra a mesquita, no passado, havia vinte e sete templos. Infelizmente, o governante islâmico fanático Qutb-ud-din Aibak destruiu os vinte e sete templos hindus e jainistas que existiam no local e reutilizou o material dos edifícios, que foram empregados na construção da Mesquita Quwwat-ul-Islam e do Qutub Minar, conforme diz uma inscrição persa que existe na porta leste interna do complexo.
As decorações em mármore incrustadas e os biombos de pedra em treliça exibem um charme distinto que o torna um exemplo ideal da magnificência arquitetônica do período do Sultanato. O Quwwat-Ul-Islam é a primeira mesquita a ser construída em Delhi após a conquista islâmica da Índia.
O complexo também abriga o minarete incompleto de Alai Minar e o túmulo de Iltutmish.
Minarete incompleto de Alai Minar
Construído ao lado da mesquita Quwwat ul-Islam e do minarete Qutb Minar, na cidade de Delhi, o Alai Minar foi idealizado por Alauddin Khalji, durante a dinastia Khalji, para ser a “cereja do bolo do complexo”.
Acreditava-se que o objetivo final era construir uma torre de 73 metros de altura, mas com a morte de Alauddin, em 1316, as obras da estrutura foram abandonadas com apenas 24 metros. A construção da estrutura de pedra, uma das mais antigas obras incompletas da humanidade, nunca foi retomada pelas gerações posteriores.
Jama Masyid
Jama Masyid é certamente a maior mesquita do país, e foi construída no século XVII pelo imperador Mugal Shah Jahan. Ela é conhecida como a Grande Mesquita da Velha Delhi.
A construção da mesquita foi iniciada no século XVII sob o comando de Shah Jahan, o mesmo imperador por trás da construção do Taj Mahal e do Forte Vermelho.
O terreno onde ela está é cercado por muros decorados com três portões de acesso. Essas estruturas imponentes exibem desenhos de batalhas no topo de suas fachadas avermelhadas. A entrada na mesquita é pelo portão 1 ou 3.
Ao atravessar os portões você se depara com um espetáculo de tirar o fôlego: o maior espaço de adoração muçulmano da Índia: o grande pátio. Eu fiquei encantada com a grandiosidade do amplo terraço com capacidade para receber mais de 25.000 pessoas e onde são realizadas grandes orações comunitárias.
Antes de entrar, alugue um robe e deixe seus sapatos no depósito próximo ao portão norte. Lembre-se de levar dinheiro trocado para pagar por esses serviços. As mulheres devem usar um lenço sobre suas cabeças e podem ter o acesso restrito a determinadas áreas se estiverem desacompanhadas.
Jama Masjid recebe turistas do início da manhã ao fim do dia, quando começam as orações da tarde. Para chegar à mesquita, você pode usar o metrô ou um riquixá. Aliás, eu fui com esse último e é bem divertido. A entrada é gratuita, mas podem ser cobradas taxas para tirar fotos.
Raj Ghat: Mahatma Gandhi Memorial
Sempre fui apaixonada por Gandhi e sou sua grande admiradora. Também, não tem como não ser não é mesmo?
Por isso fiz questão de visitar o memorial onde ele foi cremado, embora, suas cinzas tenham sido jogadas no rio Ganges.
Nesse local está um memorial em sua homenagem em granito negro, com uma pira onde está acesa a “chama eterna”.
É um local muito tranquilo, e apesar de estar a céu aberto, só se entra descalço, mas pode ser de meias.
Ali também se encontram outros memoriais de personalidades indianas, mas a grande maioria dos visitantes vai até lá por conta do grande líder mesmo, como foi meu caso.
No dia seguinte eu iria viajar para Pushkar, local sobre o qual eu escrevo aqui no blog.
Em Delhi tive a oportunidade de almoçar no delicioso restaurante Broadway, que também é um hotel, mas só fui lá para almoçar.
O lugar é bem simpático. A comida estava muito boa, aliás, aproveito para dizer que adorei a comida indiana. O serviço foi impecável. A decoração é maravilhosa, em estilo vintage. Uma cama estilo século XVIII transformada numa mesa, uma máquina de costura dos anos 50 adaptada para uma mesa e um carro vintage no meio da sala, portanto, diria que é um lugar bem peculiar.
Fiquei uns três dias em Delhi, e eles foram suficientes para eu conhecer o que queria na cidade. O tempo foi muito bem aproveitado por mim. Adorei cada lugar que fui.
Devo dizer que ir à Índia tem que ser uma escolha consciente e de coração aberto. Assim, não vá se você não estiver preparado para mergulhar numa cultura bem diferente da nossa.
No dia seguinte continuei minha viagem, agora rumo a Pushkar. De Delhi até Pushkar são 401 km. Isso dá mais ou menos 7 horas e 30 minutos. Fui de carro com um guia e um motorista.
No caminho, não tive como escapar, precisei usar o banheiro abaixo, menos o caneco é claro, afinal a viagem até Pushkar era longa e não dava para programar certinho as idas ao banheiro. Como disse antes, viagem para a Índia tem que ser de coração aberto.
Um comentário
Icaro
Muito legal!