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Conhecendo o Nepal – o país do Everest

Finalmente estava no Nepal, o país do Monte Everest, um lugar que eu sempre quis conhecer. Então, quando programei minha viagem para Índia, aproveitei para fazer isso. O triste, no entanto, é que fui em 2017, e em 2015 ocorreu um terremoto que deixou a capital do país, Catmandu, bem devastada. Em virtude disso, no ano da minha visita ainda tinha muita coisa sendo reconstruída. Inclusive, vários templos foram muito danificados e até vieram abaixo. No entanto, foi mais triste ainda saber que muitas pessoas morreram com esse desastre natural, foram aproximadamente 10.000 mortos. Mas voltemos à viagem!

Katmandu sendo reconstruída
Katmandu sendo reconstruída
Reconstrução após o terremoto em Katmandu
Reconstrução após o terremoto em Katmandu

Em primeiro lugar, achei os nepaleses mais tranquilos que os indianos, embora lá, assim como na Índia, tenha muita pobreza e precariedade. Mesmo assim, valeu muito a pena. O Nepal é o país da região do Everest onde nasceu Buda (Sidarta), o que já é o suficiente para motivar uma visita a esse lugar mágico.

O Everest
O Everest no fundo

Infelizmente, não gostei da comida. A propósito, já falei que estou esse tempo todo sem comer carne? Desde que fui para a Índia, só comi legumes e um frango muito do sem vergonha, porque nunca via partes como coxa e sobrecoxa do frango. Aliás, isso é algo que me intrigou, onde vão parar essas partes? Não tive resposta para essa pergunta.

Minha comida no Nepal
Minha comida no Nepal

Um pouco sobre o Nepal – o país do Everest

Espremido entre o Tibete (território anexado pela China) e a Índia, o Nepal é um país minúsculo, praticamente do tamanho do estado do Ceará, fato que se exacerba, ainda mais quando se vem da Índia. Por falar nisso, em contraste com a Índia, lá me pareceu menos caótico, um lugar mais calmo e sereno. 

De acordo com o site Megacurioso, existem aproximadamente cerca de 125 grupos étnicos e castas neste país e, além do nepalês, muitos outros dialetos são falados por lá. Apesar de 80% da população ser hindu, ainda assim as práticas religiosas variam do budismo tibetano ao xamanismo, incluindo os povos que adotam uma mistura de todas essas crenças e atividades. Sendo assim, o Nepal é um país multilíngue, multirreligioso, com uma sociedade multiétnica.

Monges budistas tibetanos
Monges budistas tibetanos

Além disso, o Nepal faz parte da maior cadeia montanhosa do mundo, que compreende Paquistão, Índia, Nepal, Butão e República Popular da China, além de possuir o ponto mais alto do planeta, o Everest (8.844m).

O monte Everest
O monte Everest

Diferente dos demais países do mundo que têm bandeiras retangulares ou quadradas, o Nepal possui uma bandeira bem diferente, conforme imagem abaixo. Nela, os dois triângulos representam as montanhas Nepal, onde ficam oito das quatorze montanhas mais altas do mundo, ou seja, aquelas que têm mais de 8.000 metros.

Bandeira do Nepal
Bandeira do Nepal.

Tragédia no Nepal

Até maio de 2008 o Nepal era uma monarquia absolutista, passando então, a partir daí, a ser república. Em 2001, o país inesperadamente foi alvo de uma tragédia, quando 9 dos membros da monarquia foram assassinados. Acredita-se que foi um dos príncipes o responsável pela chacina, e especula-se que a razão tenha sido o fato de os reis não terem dado consentimento para que o príncipe se casasse com a mulher que ele desejava. Contudo, depois de algum tempo, este príncipe acabou se suicidando.

Catmandu – a capital do Nepal

Além de ser a capital do Nepal, Catmandu é ao mesmo tempo a maior cidade do país. É rica em seu patrimônio arquitetônico, com seus templos, estátuas e palácios. Entretanto, muitos foram destruídos pelo terremoto de 2015, como já escrevi aqui antes.

Escoras no templo
Escoras no templo
Palácio real de Hanuman Dhoka  sendo reconstruído
Palácio real de Hanuman Dhoka sendo reconstruído

O Templo da “deusa viva” ou Kumari

Essa história é interessante e me chamou bastante a atenção por isso vou contá-la. Kumari, ou Kumari Devi é o título concedido no Nepal às moças consideradas com aspectos vivos (Reencarnação) de Durga, conhecida localmente pelo nome de Taleju.

A Deusa Durga ou Deusa Maa Durga (Mãe Durga) é uma das Deusas mais poderosas e importantes do Hinduísmo.

Literalmente, Kumari significa virgem, em nepalês. Assim, a Durga é venerada e idolatrada por alguns hinduístas do país e por budistas nepaleses, mas não por budistas tibetanos.

O título de Kumari atribuído a uma moça é temporário, assim, quando menstrua pela primeira vez, ou perde sangue em um acidente ou adquire certas doenças, a jovem Kumari precisa renunciar formalmente ao título, o que ocorre durante cerimônias próprias que abrem caminho para a escolha de sua sucessora.

A Kumari tem que ser uma criança perfeita, sem nenhuma cicatriz, com dentes e pele perfeitos. Eu particularmente acho a vida dessa criança muito triste, visto que, depois de viver longe de seus familiares, na puberdade ela perde tudo e volta a morar com a família.

Eu estive no templo onde ela vive. Apesar de não serem permitidas fotos de suas aparições, fui no pátio e a chamei. Ela apareceu na janela por alguns segundos, e depois entrou. Ao que dizem, quando a Kumari aparece, isso significa que a pessoa terá sorte. Espero que seja isso mesmo. Tomara! Ao fim, comprei um postal com o rosto dela e tirei uma foto para postar aqui. 

Kumari
Kumari

Praça Darbar – a praça dos templos

Darbar significa palácio. Era nessa praça que se situava o palácio real. Essa praça é bem famosa em Catmandu, fica localizada no centro da cidade e é bem movimentada, unindo diversas outras praças, todas ligadas por ruas e becos. Assim, tudo fica interligado, num labirinto de praças, ruas, fontes e becos.

É bastante recomendado que se contrate um guia para explicar tudo o que está reunido ali, uma vez que são muitos templos. Eu tive um excelente guia no Nepal que me ajudou a entender muita coisa desse país fascinante. Um dos prédios que chama atenção é o Palácio das 55 janelas, que foi transformado em museu. Para entrar nessa Praça é cobrada uma taxa de aproximadamente dez mil rúpias, algo em torno de 10 dólares.

Praça Darbar - Nepal
Praça Darbar

Conhecendo o povoado de Nagorkot

Já que continuo no topo do mundo, fui visitar o povoado de Nagorkot. Nesse povoado, é possível fotografar as centenas de quilômetros de montanhas com os cumes nevados dos Himalaias. E não só os do maciço do Langtang, que está mais próximo, mas também o monte Everest. A propósito, Langtang é uma região do Nepal, localizada ao norte de Catmandu, e que faz fronteira com o Tibete.

Monte Langtang ao fundo
Monte Langtang ao fundo
Monte Langtang
Monte Langtang

Para chegar no povoado, você pega uma estradinha de terra e vai indo por essa parte rural que é bem bonita. Para quem gosta de natureza vale super a pena, além de dar a oportunidade de se conhecer um outro lado do Nepal, menos turístico. 

Essa foi uma manhã maravilhosa para mim, com uma vista deslumbrante, num lugarzinho bem longe da agitação dos turistas. Se for ao Nepal, não deixe de conhecer essa preciosidade.

Swayambhunath: o Templo do Macaco

Swayambhunath é um complexo religioso. Também conhecido como o “templo do macaco”, ele é principalmente budista, mas também hinduísta.

O nome Templo do Macaco é em função de uma colônia de macacos considerada sagrada que vive no local. 

Templo do Macaco
Templo do Macaco

O complexo fica no topo de uma colina, portanto, prepare-se para subir 365 degraus até chegar à estupa do Templo do Macaco. No entanto, cuidado com os macacos que você encontrar pelo caminho, eles não são tão amistosos assim.

Esse é um local de vários templos, no entanto, o que mais chama a atenção é a estupa com grandes olhos. Uma estupa consiste num domo na base do templo, seguida por uma estrutura cúbica pintada com os “olhos de Buda”, “que tudo veem” nas quatro direções. A visita deve ser feita seguindo o sentido horário para dar sorte, pois é um lugar bem místico.

 Os olhos de Buda que tudo veem
Os olhos de Buda que tudo veem
 Os olhos de Buda que tudo veem
Os olhos de Buda que tudo veem
 Swayambhunath - Boudha
Swayambhunath – Boudha

Aproveitei a energia do local para tomar um chá de masala, que foi algo que gostei desde a minha visita à Índia, e tem um sabor bem característico. Da mesma forma, acabei me adaptando (e até gostando, até um certo ponto, é claro) de comer comidas picantes.

 Masala tea
Masala tea

Posteriormente, fui visitar dois lugares interessantes, um deles foi Pashupantinath, templo hindu dedicado à deusa Shiva, em sua manifestação como Pashupati – o Senhor dos Animais. Aliás, este é um dos templos mais importantes para o hinduísmo, mas quem não é dessa religião não pode entrar, então fotografei só pelo lado de fora. 

Em seguida, desci para conhecer o rio Bagmati. Nesse local há um templo, onde também são feitas cremações de cadáveres, assim como em Varanasi, na Índia. Aqui, tirei novamente algumas fotos com os homens santos, do mesmo jeito que fiz na Índia. Embora eu não acredite em sua santidade, afinal, eles só permitem foto se você dá uma contribuição em dinheiro, ainda assim os respeito.

Os homens santos e eu
Os homens santos e eu

O dia que sobrevoei os Himalaias

Quando nessa viagem ao Nepal, estive no topo do Everest. Mas calma, não foi escalando, foi sobrevoando. Que sensação mais esplêndida e indescritível, ver aquele monte branco, onde alguns já chegaram e outros tantos morreram tentando. As fotos não ficaram muito boas porque tirei de dentro de um avião em movimento. Mas, ainda assim, é uma recordação.

Sobrevoando o Everest
Sobrevoando o Everest

Comprei o voo para sobrevoar os Himalaias um dia antes, diga-se de passagem, não é nada barato, porém, quando é que eu estaria lá de novo para fazer isso? Nunca! Então o jeito foi investir alto na caixa de boas lembranças. E lá fui eu.

Às 05h00 da manhã eu já estava de pé, fui para o aeroporto bem agasalhada, pois lá faz frio assim cedinho e, afinal das contas, era final do inverno e eu ia sobrevoar os Himalaias.

Eu bem agasalhada
Eu bem agasalhada

Cheguei no aeroporto de voos domésticos e ele parecia um galpão, o prédio era antigo e a manutenção ainda pior. A impressão que eu tive é que eu tinha voltado no tempo ou estava perdida no meio de um filme antigo. Os guichês das companhias eram pequenos estandes, lembravam quiosques de demonstração de produtos. 

Apesar do local ser pequeno, demorei um tempinho para localizar o portão de embarque, mas depois descobri que eram duas portinhas, portão 1 e portão 2, sendo o meu era o número 2. O banheiro era melhor não arriscar, só em casos extremos. O ônibus que levava até a aeronave devia ter no mínimo uns 30 anos de uso, janelas todas embaçadas. Cheguei na aeronave, um troço esquisito e pouco confiável, mas lá fui eu.

Aeronave para sobrevoar os Himalaias

Logo após a decolagem, quando a aeronave começou a ganhar altitude veio a grande surpresa: o céu estava azulzinho. Do alto, foi possível avistar a cordilheira, uma cadeia montanhosa infinita aos meus olhos. Eram as montanhas que separavam o Nepal do Tibete.

Sobrevoando os Himalaias
Sobrevoando os Himalaias

Enquanto o avião ia seguindo em direção ao oriente, os picos mais altos me acompanhavam pelo lado esquerdo do avião, exatamente do lado que eu estava sentada. Toda a viagem foi feita sobre o vale, não entramos na cordilheira. Parecia que se eu estendesse o braço poderia alcançar a neve eterna que cobre grande parte dos picos. 

Lá do alto avistei Cho Oyu, a sexta montanha mais alta do mundo, com 8.201 metros de altitude; Shisha Pangma com 8.013 metros; Makalu com 8.463 metros, a quinta mais alta; e muitas outras que se agigantam, todas ultrapassando os 6 mil metros. Ao longo do voo, a comissária vai apresentando as montanhas e você pode ir até o cockpit para ter uma visão mais panorâmica. Eu fui mas não achei graça nenhuma. 

Cockpit da aeronave
Cockpit da aeronave

Só para exemplificar mostro abaixo uma comparação dos montes mais altos do mundo por continentes em relação ao Everest.

Comparação entre as montanhas mais altas do mundo
Comparação entre as montanhas mais altas do mundo
As montanhas mais altas do mundo
As montanhas mais altas do mundo

Entretanto, o grande espetáculo estava mais a leste, o grandioso Everest. O seu formato pontiagudo é inconfundível, e parecia tentar rasgar o céu rumo ao espaço. São 8.848 metros de rocha com um paredão vertical e neve, tendo ao se lado dele outro gigante, o Lhotse, com nada mais nada menos que 8.516 metros de altitude.

O Everest e  o Lhotse
O Everest e o Lhotse

A todo momento passava pela minha mente as imagens daqueles aventureiros que se arriscavam para atingir o topo do Everest, para mim uma loucura total, ainda mais depois de conhecê-lo de perto, a maior montanha do mundo. Um sobrevoo imperdível e indescritível, que já paga todo o esforço de vir de tão longe. Em resumo: se eu faria de novo? Com certeza!

Ao final, ganhei até um certificado de voo, esse com certeza vai virar relíquia em meus guardados. E novamente fui brindada por um nascer do sol maravilhoso. Depois de tanta lembrança boa para acumular, eu seguiria para Deli, para começar a fazer o caminho de volta para casa, mas não sem antes fazer um pit stop em Dubai, com a única intenção de conhecer o Burj Khalifa, o maior arranha-céu já construído pelo ser humano até o momento.

Nascer do sol no Nepal
Nascer do sol no Nepal
Meu certificado de sobrevoo nos Himalaias
Meu certificado de sobrevoo nos Himalaias

Por fim tenho que deixar registrado que meu guia no Nepal foi uma pessoa muito simpática, publico aqui sua foto comigo.

Eu e meu guia no Nepal
Eu e meu guia no Nepal

Quando visitar o Nepal?

A melhor época para viajar para o Nepal é de outubro a março. Eu estive por lá em janeiro.

Qual a moeda no Nepal?

A moeda do Nepal é a rúpia nepalesa. A moeda brasileira não é trocada nas casas de câmbio nepalesas, então, leve dólares com você.

Olá mundo! Para uma pessoa que doida por viagem, nada como um blog de outra pessoa doida por viagem, é isso que sou. Professora universitária, poeta, escritora de livros infantis e apaixonada pelo mundo.

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